30/09/10

Final oficial da Primeira Guerra Mundial


Segundo a notícia do Telegraph, no próximo domingo a Alemanha pagará a última prestação da dívida de compensações de guerra, a que ficou obrigada pelo Tratado de Versalhes, em 1919.
É importante não esquecer que as compensações por danos de guerra estipuladas pelos países aliados, estiveram na origem do descontentamento que levou Hitler ao poder, estando por isso na origem da segunda guerra mundial.
De qualquer forma é interessante verificar que a Alemanha tenta fechar uma página da sua história com dignidade.

1 comentário:

BRAÇO FORTE disse...

Não poderia deixar de fazer uma reflexão comparativa entre a realidade da dívida alemã durante o pós-guerra com a realidade brasileira em um momento histórico em particular. Ao contrário do que a tradição histórica sempre alinhavou, o Brasil talvez tenha sido a única Nação no mundo que, após sair vencedora de uma guerra, tenha pago uma vultosa “indenização”.

Refiro-me ao Pós-Guerra pela Independência quando, no ano subseqüente, o Tratado de 29 de agosto de 1825, intermediado pelos ingleses, oficializou o reconhecimento de nossa independência pela Coroa Portuguesa mediante o pagamento pelo Brasil de assombrosos 2 milhões de libras esterlinas, abrindo o caminho para que as demais monarquias européias também se sucedessem no reconhecimento.

No entanto, a infalível tradição histórica predatória volta a funcionar contra o Brasil quando, na condição de nação recém-formada, fica sem condições de pagar a pesada indenização estabelecida pelo tratado de 1825, inclusa em cláusula secreta. Nesse momento, os ingleses emprestaram os recursos que asseguraram o pagamento deste valor. Na verdade, o dinheiro nem chegou a sair da própria Inglaterra, já que os portugueses tinham que pagar uma dívida equivalente aos mesmos credores. Dava-se, assim, o início de nossa massacrante dívida externa, uma conta de origem lusitana onde o vencedor reparou o vencido.

O tempo foi passando, o mundo girando, se transformando, e a dívida externa aumentando e se auto-alimentando através da aplicação imoral de taxas de juros exorbitantes. Antes e depois do presidente Prudente de Morais, todos os demais presidentes se submeteram ao serviço da dívida, que continuou a crescer. Como foi dito, apenas o presidente Prudente de Moraes, em 1896, se negou a reconhecer tal dívida. Não reconhecia a dívida, portanto não havia o que renegociar. Para se ter uma dimensão do quanto a conta pesou no nosso bolso, comprometendo o bem estar de gerações futuras, em 40 anos, analisando um passado recente compreendido entre 1960 a 2000, a dívida passou de 1 bilhão de dólares, para 240 bilhões, mesmo depois do pagamento de mais de 600 bilhões de juros. Assalto em cima de assalto.

É certo que a dívida foi paga e não estamos mais ao seu serviço. Mas não esqueçamos que nos livramos da ditadura da dívida graças a um pesado sacrifício social imposto ao povo brasileiro por mais de um século. Hoje, a Nação começa a conquistar um lugar ao sol frente a um mundo extremamente competitivo, perverso e assimétrico. De olho no passado e com os pés no futuro, devemos daí apreender muitas lições para que não nos esqueçamos dos sacrifícios de nossos antepassados!